Ser útil ou ser real?
O dilema que quase silenciou minha escrita – quando a estratégia fala mais alto que a conexão.
Já percebeu que, às vezes, a gente se afasta de algo que ama sem nem notar?
Pois bem. Eu decidi voltar a escrever com (c)alma.
E assim inauguro a terceira temporada do Lifestyle Talks. Quem ainda está por aqui?
Não que eu tenha parado de escrever.
Mas confesso que a internet mudou bastante de uns reels pra cá. E a forma de fazer conteúdo, que privilegiava meus textões sensíveis, também mudou.
Não vou mentir, eu também mudei.
Comecei a me sentir menos à vontade para ser vulnerável na minha escrita. Bobeira de quem esquece que quem importa mesmo é o leitor que se emociona e se conecta – e não o influenciador que você segue (que por sinal nem te segue) e continua dizendo que o seu conteúdo tem que ser “útil”.
Compartilhar esse pepino que estou vivendo, sem ter ideia da solução, vai ser útil? Ah, deixa pra outro dia. Eu pensava.
E assim fui deixando pra outro dia também a minha escrita fresca, nova. Deixei de olhar para minha vida de um jeito fresco, novo.
Escrever sempre foi minha ponte para a conexão, nunca para a performance.
Mas, sem perceber, comecei a pesar cada palavra, tentando ser útil, estratégica… até que minha escrita deixou de ser minha.
Fiz sim, ao longo de 2024, vários conteúdos “arte”, com ajuda de uma equipe incrível e um videomaker digno de Netflix. Os textos eram sempre autorais, feitos por mim, mas talvez baseados demais nas minhas histórias antigas, já que estava enrijecida demais para escrever novidades.
Eu mudei. Tenho novas histórias para contar. Tenho certeza que você também. E porque raios ainda não estamos contando?
No meu caso, vejo que ter fundado a Mentorise também me colocou em outro lugar de narradora.
O que cabe nesse perfil pessoal – que hoje é tão profissional? O que cabe no perfil institucional, que tem a meta de ser cada vez mais humano?
Só agora essas respostas estão chegando. (ah, meus mentores!)
Resgatar a conexão no meu perfil.
Me resgatar. É mais por aí…
E assim 2025 iniciou diferente. Mais direcionado ao que verdadeiramente importa – e conecta.
Não faremos grandes lançamentos, mas minha presença aqui será cada vez mais pessoal, real, cheia de mim – e portanto de você.
Como bem disse Brené Brown, a nossa musa da vulnerabilidade:
Quando nos protegemos da vulnerabilidade, nos protegemos daquilo que dá propósito e sentido à vida.
No fundo, eu sabia que minha escrita mais crua, mais real, era o que sempre trouxe conexão. Mas a vontade de me proteger – de parecer mais estratégica, mais assertiva – acabou me afastando do que fazia sentido para mim.
E ironicamente, foi isso que me desconectou.
Mas não por muito tempo.
Estou de volta. Dessa vez, inteira.
E você? Quando foi a última vez que você se sentiu realmente você?
Que bom que está “de volta”. Eu sinto isso também, que a necessidade que nos colocam as redes se termos uma estratégia, sempre um por quê escrever, para além de sermos apenas nós, acaba me bloqueando a escrita… e de vez em quando vale dar-se essa chacoalhada e voltar!